Retomando meu espaço depois de tanto tempo.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Venenosa


Hoje você ri enquanto mal sabe que vai chorar muito mais vezes do que eu chorei quando me perdia por você, me anulava por você, me renegava por você.


Hoje você nem percebe meu sofrimento e mal sabe que por trás dessa mentirosa alegria que demonstro ao seu despertar está escondido todo o veneno que fabriquei esperando a hora certa para lhe aplicar enquanto você dormia.


Pode ser feliz, aproveite bastante essa falsa calmaria, aproveite bastante enquanto ainda aqui atrás de sua sombra eu lhe permito enquanto te observo dia após dia.


Aproveite o hoje porque enquanto seus sonhos lhe deixam descansar a mente, eu teço sua cama de espinhos que nunca mais lhe deixará dormir em paz.


Você logo se perguntará onde está a doçura que conheceu, onde está a esperança que encontrou um dia em mim, procurará desesperadamente por tudo aquilo que nunca deu valor e eu vou sorrir enquanto você percebe que isso não exite mais.


Dei-lhe tudo, tudo de mim, e quando menos esperei fiquei absolutamente sem nada. Dei tudo demais e morri por dentro. Morri por você mesmo sem nunca ter lhe jurado nada parecido...


Cada dia de sofrimento e de agonia levou embora todo o perfume dessa rosa. Ficaram apenas os espinhos venenosos. A rosa murchou sob seu relapso, sob seu descaso.


Toda a doçura azedou e logo você receberá em dobro todo o mal que me causou, verá que o perfume da rosa se envelheceu como uísque e se transformou no mais poderoso veneno da alma.


Sorria, comemore, durma bem meu bem, fique em paz enquanto não espeto em sua carne meus espinhos venenosos e destruo tudo que a sua ilusão fez com que você acreditasse que estava construindo....


- Escrito em 27 de junho de 2010 -

A maçã


Uma linda maçã.
Linda maçã verde.

Dentre todas as da bancada a mais suculenta.
Igual as outras, não sei porque me encantou.

Despertou-me o mais selvagem dos paladares.
A escolhi.
A separei para deliciar-me com ela na hora mais especial.
Sonhei muito tempo com aquele momento.
E ele chegou!


Linda maçã podre por dentro!
Como pude sonhar tanto com você?
Como eu me enganei com o que você era por fora!
Linda maçã, por que me tentou para que eu provasse de seu veneno?
Você era tão bonita!
Agora se apossa de minhas entranhas!
Sinto que posso morrer com teu gosto amargo na minha boca!
Estou eu condenado à morte só por ter me encantado com sua linda aparência?


Maçãs, tantas para escolher...
Por quê desejar logo a que agora está me destruindo?
Sinto seu doce veneno...
Morrerei e deixarei lá naquela bancada à minha espera, 
alguma outra maçã, não tão verde e não tão bonita.
Outro irá comê-la sem deliciar-se, 
pois nunca a desejará como um dia desejei a que me matou.


-Brainstorming de 27 de março de 2012-

segunda-feira, 26 de março de 2012

Dama da Noite - conto

Dama da Noite


Celeste abriu a porta de casa e saiu. Era noite, a rua parecia estar coberta por uma névoa. Ela estava vestida exatamente como uma dama da noite deveria estar: cabelos negros presos em um rabo-de-cavalo, bota de salto fino e sobretudo pretos e seus olhos castanhos escondidos atrás de óculos escuros grandes de aro preto. 

Ao escutar o barulho de seus passos, seu tatuado vizinho de parede, Alexander, olhou pela fresta  de sua porta. Toda noite isso se repetia: ela saía e ele se perguntava para onde ela iria, sozinha, tão linda e tão tarde... Mas dessa vez ele não ficou apenas à espreita. Ele esperou sua Dama da Noite sair correndo pelas escadas e pegou o elevador para segui-la. Quando as portas se  abriram no andar térreo, ele viu aquela misteriosa mulher sair pela porta principal do prédio. Ela ia a passos largos, rápida como um raio, deslizando como uma enguia e ele a seguia, se escondendo nas sombras como um vampiro para não ser visto.

Enquanto caminhava, Alexander se lembrava das várias vezes em que viu Celeste entrar e sair de sua casa, sem fazer nenhum barulho, como se fosse um animal sorrateiro. Sem visitas, sem campainha, sem telefone. Parecia uma casa de um fantasma. O quê faria de sua vida aquela mulher que só dava o ar de sua graça depois das dez da noite? Muitas perguntas na mente de Alexander...

Entre uma sombra e outra, atravessando aquela neblina na noite fria de inverno, ele tentava reparar em alguma coisa que indicasse o destino daquela mulher àquela hora, mas nada, nenhuma pista se mostrava aparente. Sem  bolsa, sem levar nada em suas mãos cobertas por uma luva negra, ela ia cortando a escuridão. Só se escutava o estalar de seus saltos no chão e o barulho da noite. Latidos, uivos, vento nas árvores... Alexander escutava sua respiração ofegante. Ele começou a sentir frio, mas logo percebeu que o que sentia era uma mistura de sentimentos muito complexos para serem resumidos em apenas frio. A curiosidade e a adrenalina da perseguição eram o combustível que o movia agora...

Celeste, que até então seguia reto, apenas atravessando ruas, de repente entrou em uma viela totalmente sem iluminação, fazendo com que Alexander a perdesse de vista por alguns instantes. Ele parou na entrada da viela e escutou barulho de coisas se quebrando... Antes que ele pudesse sentir medo, algo se moveu por entre as sombras e se jogou em cima dele. Alexander, totalmente  aterrorizado, jogado no chão, olhou para trás e viu o que lhe deu tanto pavor: apenas um grande gato preto de olhos brilhantes... Alexander sussurrou para si mesmo, tendo seu corpo tomado por uma tremedeira que nunca havia experimentado:

- Esse maldito gato se assustou com ela, derrubou latões de lixo e, na afobação me atropelou... Apenas isso... Não há motivos para me apavorar...

Tentando se recuperar do susto, Alexander se levantou correndo, pensando ter perdido Celeste de vista. Ele entrou na viela, olhou para os lados e viu quando aquela misteriosa mulher atravessou uma porta de madeira. A porta, ao abrir, fez um barulho que ecoou no bairro e de dentro do lugar saiu uma luz que iluminou a rua escura até seu outro lado.

Quando a mulher entrou, Alexander saiu das sombras e caminhou devagar até aquela porta. Sem barulhos, sem sinal de que havia vida dentro daquele casarão abandonado... Alexander empurrou a  porta entreaberta, a luz refletiu em seus olhos e ele viu, pendurado em um cabideiro, o sobretudo negro de Celeste. Um cheiro de rosas tomou o lugar do cheiro da noite que ele sentia e, então, decidiu entrar. 

Sem fazer nenhum barulho, Alexander ultrapassou a porta. Na sala não havia nada além daquela luz, o cabideiro e o sobretudo. Ele caminhou lentamente até a roupa da mulher e sentiu seu perfume, aquele que parecia grudar nas paredes do seu andar quando ela saía. Enquanto ele estava se embriagando com aquele cheiro, a porta de madeira se fechou fazendo um estrondo que o assustou e ecoou por todo o salão. Imediatamente ele soltou a roupa da mulher e viu que estava totalmente vulnerável. Não havia onde se esconder... Ele pensou então em atravessar o corredor escuro que estava à sua frente e procurar pela mulher. Quando ele entrou no corredor, ouviu uma melodia... Ela estava cantando! Ele disse para si mesmo:

- Que cântico lindo... Que voz!

Alexander parou na escuridão e encostou-se à parede. De um lado a sala com o sobretudo, do outro lado a sala com o desconhecido, o lugar de onde aquela voz saía... Ele fechou os olhos e lembrou-se do envelope preto que viu em cima do tapete da vizinha escrito de vermelho apenas  "Para Celeste...". Foi quando ele descobriu que tinha uma vizinha e que esse era seu nome...

Aquela melodia o estava deixando cada segundo mais curioso sobre a identidade daquela mulher.  Ele, se entregando à curiosidade, resolveu atravessar o corredor e ir na direção da melodia. Saiu da escuridão e viu sua Dama da Noite de costas, no meio daquele salão imenso, com seus cabelos  negros e lisos soltos até a cintura e seu longo vestido preto, parada em cima de milhares de pétalas de rosas vermelhas, mais sensual e provocante do que em qualquer outro dia. 

Ao perceber a presença de Alexander, Celeste parou de cantar e disse baixinho, num quase sussurro, como se sua voz fosse líquida e preenchesse envenenando todo o corpo de seu admirador:

- Eu sabia que você viria...

Alexander ficou surpreso com a segurança da moça. Ela então se virou para ele. Celeste estava sem seus óculos e isso revelou seu olhar sinistro. Sem as luvas, Alexander percebeu que as unhas dela eram longas e vermelhas cor de sangue como o batom em seus carnudos e extremamente sedutores lábios. Seu rosto era branco como neve, seus olhos negros redondos com grandes e belos cílios e enquanto ele admirava aquela beleza estonteante e inacreditável, ela o chamou. Ele, totalmente hipnotizado, apenas obedeceu ao seu comando. Ele foi caminhando lentamente sobre as pétalas de rosas, se aproximando cada vez mais dela. Ao encarar sua musa, sussurrou seu nome:

- Celeste...

Ela o abraçou, olhou dentro de seus olhos, sorriu e disse:

- Celeste sim... Mas pode me chamar de Morte....

Ela o beijou profundamente e o último pensamento de Alexander foi: "Se eu soubesse que você era tão doce, minha bela flor da escuridão, haveria me entregado antes..."

Na manhã seguinte, o jornal da cidade dizia:

"Outro homem é encontrado morto em cima de pétalas de rosas. Ao lado do corpo uma rosa vermelha e um bilhete de mulher que dizia: "Agora você conhece meu encanto... Celeste.”".

--Sonhado e escrito em 2008--

quinta-feira, 1 de março de 2012

Legions Of Invisible - Leverage


Sabe quando você sente que está sendo ignorado? Quando parece que de repente todo mundo simplesmente esqueceu de você? Quando você entra e sai dos lugares e as pessoas simplesmente nem notam que você chegou ou saiu? É assim que eu me sinto às vezes, que as pessoas só lembram de mim quando precisam e que quando eu preciso, ninguém percebe. Acho que todos se sentem assim às vezes. Pelo menos comigo é algo recorrente e que vem e volta. Tem dia que eu me sinto a mais ignorada das criaturas, aí recebo um "você é o máximo" pelo Facebook e tudo fica no lugar novamente.


"...You're not wanted here no more
We don't need you anymore..."

PS.: Você gosta de rock? Metal mesmo, de qualidade? Dá o play aí. Leverage é uma banda da Finlândia, que tem um puta vocalista, com letras sensacionais e que o mundo ainda não descobriu. Eu sou viciada nesses caras!

Paradise - Coldplay


Estava vendo o canal VH1 um dia desses eu passou esse clipe. Eu fiquei entorpecida pelo som maravilhoso (e olha que nem gosto tanto assim de Coldplay) e pelo elefantinho fofo... foi tão estranho que eu até me emocionei no fim do clipe. Não tinha como não colocá-la aqui!


"...Life goes on
It gets so heavy
The wheel breaks the butterfly
Every tear, a waterfall
In the night, the stormy night
She'll close her eyes
In the night
The stormy night
Away she'd fly..."