Consciência sobre a Depressão

Sou uma pessoa terrivelmente comprometida com a depressão. Por mais que eu fuja, faça terapia, me esconda e tome remédios, essa porcaria de doença gruda em mim e não sai. Tenho depressão desde criança mas só fui compreender o que sentia quando cresci.

Quando criança tinha pesadelos, pressentimentos, premonições, coisas pesadas pra uma criança e nunca fui levada a sério dentro de casa onde todo mundo chamava minhas crises de insônia com 11 anos de "frescura". Isso contribuiu muito pra que a coisa piorasse. Pra completar, na adolescência fui vítima de bullying que na época nem nome tinha (bullying não passava de "brincadeiras me mau gosto", péssimo gosto, eu diria). Até de professor eu sofria esse tipo de agressão: um puto que me fazia passar vergonha na frente da classe inteira só porque eu tinha dificuldade em matemática. Um dia vão descobrir que existe dislexia para matemática e as pessoas vão entender porque eu, com 26 anos, não consigo fazer uma conta simples de divisão por dois números. Uma pena que quando descobrirem isso o desgraçado vai estar morto e não vai poder saber. Porque se dependesse dos meus desejos mais sinceros por ele, ele já estaria morto. Enfim.....

Essa sucessão de coisas na minha vida, fora uma vida familiar baseada na hipocrisia do "casamento perfeito", do pai e mãe sempre presentes mas se matando dentro de casa e eu presenciando isso o tempo todo e três irmãos que só se suportam em nome da "família feliz", só contribuíram pra que eu crescesse uma adolescente cheia de problemas.

Fui buscar conhecimento sobre o que eu sentia por conta própria e só busquei tratamento com 22 anos, quando já não havia mais o que fazer.

Passei esses anos todos tentando encontrar uma saída, um remédio pra essa depressão maldita e numa conversa com um amigo ele me falou uma coisa que eu acho que nunca mais vou esquecer na vida:

"Trate isso como se isso fosse parte da sua personalidade."

Isso parece ter sido uma luz na minha vida. Por que eu aceito fácil que sou sincera até o ponto de ser grossa e não aceitaria ser "depressiva" se é nos momentos em que a minha fossa é maior que eu escrevo melhor e ponho pra fora o que tem de mais bonito dentro de mim?

Acho que esse é o caminho mesmo, aceitar que a minha depressão é incurável e que ela nada mais é do que um pedaço de mim, assim como um, braço, um olho.... Vou usar dela, extrair dela, tudo que de melhor ela puder me dar e quando eu estiver afundada na merda, vou transformar isso em textos e declarações, afinal... essa merda tem mesmo que servir pra alguma coisa.